Durante muito tempo, a inovação corporativa viveu em uma espécie de “área VIP” dentro das empresas. Orçamentos separados, pouca conexão com a estratégia do negócio principal, métricas brandas (onde um protótipo já era considerado vitória) e até uma licença tácita para perseguir “moonshots” aquelas apostas ousadas mesmo que o core business estivesse sofrendo.
Só o fato de carregar o rótulo “inovação” já garantia assento à mesa de decisão.
Mas esse tempo acabou.
A Nova Pressão: Resultados Reais
Hoje, o cenário é outro.
- Diretorias financeiras querem retorno e estão cansadas de financiar projetos que nunca aterrissam.
- Unidades de negócio perguntam: “Se é tão bom, por que o cliente não compra?”.
- A cúpula executiva exige crescimento além do core, mas com risco controlado — e pouca paciência para iniciativas que não movem a agulha em 12 a 18 meses.
- O “salvo-conduto” da inovação acabou. Agora, começa a fase da profissionalização.
Inovação Como Sistema de Crescimento
Isso não significa que a inovação vai morrer. Pelo contrário — ela vai amadurecer.
O centro de gravidade sai do laboratório e vai para o P&L. Inovação deixa de ser vitrine e passa a ser motor de crescimento:
- Conectada à estratégia corporativa
- Financiada por estágios claros (problema validado → solução validada → tração → escala)
- Medida por indicadores de negócio (receita, margem, retenção, NPS, custo de aquisição)
- Com rotas de aterrissagem bem definidas no core ou em novos P&Ls
A governança também muda: de um patrocínio difuso para uma tese de portfólio, com horizontes de tempo distintos, descarte saudável de ideias e reaproveitamento das lições aprendidas.
O Papel dos Líderes na Nova Era
Para líderes e gestores de inovação, a mensagem é clara:
Alinhe inovação à estratégia e ao cliente desde o primeiro dia
Trate o CFO como investidor, não apenas como pagador
Envolva as unidades de negócio como co-donas dos casos de uso
Reserve espaço para apostas longas, mas com teses claras e marcos públicos de criação de valor
Menos Fetiche, Mais Impacto
- O fim do “excepcionalismo da inovação” não é o fim da criatividade — é o começo da inovação responsável.
- Menos fetiche por protótipos, mais impacto mensurável.
- Menos discursos inspiradores, mais crescimento real.
Estamos entrando em uma fase em que inovar não é só imaginar o futuro, mas entregá-lo com resultados concretos.